segunda-feira, 1 de julho de 2013

Matéria

Transformei o muito que desconhecia de mim em tatuagens. Couberam-me assim letras e sonhos. 
Penso encantada: O mundo não é mesmo muito pequeno? Hoje cabe no meu jardim. Na minha pele. Suspiro enlevada: Amo mesmo é Gabriel Garcia Marquez e Roberto Drummond. 
E você, me devolve quando os meus Cem anos de Solidão? 
Para isso, desejei traçar-lhe um mapa para que chegasses onde em mim é verde e paz. Onde se esconde entre primaveras e papoulas um coração em que grilos cantam e borboletas e beija-flores zunem: você.
Onde mora aquela que dança descalça e despida de mentiras e roupas. Sem motivo algum ou apenas para comemorar a matéria de que é feita: sangue, ossos e excessos. Em que banho-me do porvir, ainda marcada com a escrita do lençol na minha pele, que leio sobre o sonho bom da noite passada. Pinto as unhas, cato bondade, arranco mentiras e máscaras tal qual ervas daninhas. 
Onde eu seria. Teu jardim. Amor. Teu. 
Mas não encontrei sequer uma folha em branco. 
Ainda assim continuo cantando. Tal qual sereia. E sinto teu medo de afundar-se em mim, acreditando num maternal delírio gertrudiano de beleza, morte, flores e limpidez. Porque foi assim, da boca da tua mãe, que soubeste-me. Mas aquela era água lodosa.
Ah, Homem! No fundo, meu mergulho na inexistência foi necessidade tua, não minha. Para não conheceres a megera que te devoraria em noites, páginas, pétalas e roupas arrancadas.
Descansa em meu peito, amor. Nossa história é outra.
Porque és tu que contas de meus sumos e são as suas palavras que da minha boca escorrem quando os desejos são tão excessivos que nem suores, mãos molhadas, banhos frios ou minha nudez líquida podem mostrar do que é feita essa vontade de mim em você e do oceano inteiro em nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário